Gente, vou compartilhar com vocês o texto de um amigo meu, o professor Jacknamar Flávio, hoje ele postou no Facebook um texto muito esclarecedor acerca da polêmica gerada em torno, mais uma vez, dos estudos sobre o trabalho de Valesca Popozuda. O professor e historiador Jacknamar, é da cidade de Parelhas-RN, formou-se em História na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, atualmente atua como professor na Escola Estadual Padre Jerônimo Lawren, no município de Santa Luzia.
Segue abaixo o coerente, conciso e esclarecedor texto do amigo, Jacknamar:
"A polêmica em torno daquela questão formulada na prova de
Filosofia sobre a Valesca Popozuda me deu o que pensar. De minha parte, não
posso mentir e afirmar que gosto do funk. Seria hipocrisia da minha parte.
Porém, reconheço os elementos importantes e relevantes deste gênero musical.
Viver, observar e filtrar faz isso com a gente. Precisamos
estar sempre dispostos a fugir de generalidades. Em conversas, palestras e debates com
meu amigo Egberto Vital, professor de Letras; aprendi a respeitar aquela
artista.
A Valesca é acima de tudo uma guerreira. Como
uma típica mulher brasileira casou cedo, teve filho e, no caso dela, amargou a
frustração de um péssimo casamento. Humilhada, agredida, espancada, entrou na
carreira musical e hoje é um ícone do universo funk; e muito mais que isso: uma
mulher independente. Daquelas que batem de frente contra o preconceito sexista
e histórico do qual a mulher é vítima no Brasil.
Há poucas décadas atrás o corpo de uma mulher
brasileira não lhe pertencia. Educada para o "lar" e ser mãe, devia
conter seus pensamentos, inquietações e desejos.
Um poderoso e cruel código moral paternalista tirava das mulheres brasileiras os traços mais discretos de autonomia ou construção de uma personalidade independente.
Era necessário muito pouco para uma mulher ser rotulada de "puta" ou "rapariga": cabelos com corte mais curto, batons, unhas pintadas, vestidos curtos (acima dos joelhos), mini saias. A mulher não deveria "amar"... Deveria ser "amada". Não podia demonstrar prazer na cama, nem muito menos revelar suas fantasias eróticas. Apenas as "putas" faziam isso... A moral brasileira de seu tempo insistia.
Um poderoso e cruel código moral paternalista tirava das mulheres brasileiras os traços mais discretos de autonomia ou construção de uma personalidade independente.
Era necessário muito pouco para uma mulher ser rotulada de "puta" ou "rapariga": cabelos com corte mais curto, batons, unhas pintadas, vestidos curtos (acima dos joelhos), mini saias. A mulher não deveria "amar"... Deveria ser "amada". Não podia demonstrar prazer na cama, nem muito menos revelar suas fantasias eróticas. Apenas as "putas" faziam isso... A moral brasileira de seu tempo insistia.
Campanha: Meu corpo, minhas regras, proposta pelo Coletivo Feminista. |
Independentes, autônomas, profissionais? Por muito pouco eram chamadas de "sapatões". Na política deveriam apenas se contentar em auxiliar nas campanhas dos seus maridos organizando almoços e recepções.
Neste sentido, Valesca Popozuda surge como uma
personagem de ruptura. Ela afirma-se como dona do seu corpo, dos seus desejos e
mais que isso, constroe sua carreira profissional distante da sombra histórica
de um "homem da casa".
Por isso ela canta: "Sou puta"!
Em um país de costumes misóginos e provincianos
como o nosso uma mulher independente ainda é vista pela maioria das pessoas
assim..."
11 de abril de 2014
São séculos de machismo e opressão nesse Brasil varonil Nossos tataravos machistas tinham uma percepção estuporada mas a visão desses funk também é bastante superficial grosseira rasteira indigentemente insuficiente e vazia. Valesca pode ter boas intenções mas é uma pessoa que faz parte desse contexto vazio, simplório do comercialismo "cultural" de massa
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