Enquanto sai a fumaça do cigarro
Estou aqui
Transfigurando-me em cinzas
Vendo infinitas pedras
Nesta paisagem agreste
Tomada pelo caos cosmopolita
Dessa cidade urbana
Por entre antenas de celulares
E para-raios
Uma capela branca
Capela que guarda a virgem
Do credo popular
O som confortável do vento
O sol refletindo minha sombra
A pequena poça d’água
Que abriga o cururu ancestral
Das marcas e lodo nas pedras
Das pedras que me lembram a lua
Da lua cheia que paira no meu telhado
Do cheiro das bostas de gato
...não posso esquecer...
Do urubu que pousou em minha sorte
Nem daquela mosca
Que pousou em minha sopa
Tudo é tão singular nesse lugar
As vozes
As cores
O preto e o branco
O vermelho da abóbada
A orquestra de sapos e gias
No himeneu musical
Que toca em toda noite de chuva
A música ruim do rádio
A música boa do CD que eu coloco
Tudo, enfim
É melhor que Pasárgada
Perdoe-me, Bandeira,
Posso falar, pois já estive lá
As mulheres daqui
Não expõem suas partes
Mas também não escondem
Tudo aqui é só meu
Tudo nesse mundo
Da capela branca
Ao quarto em que durmo.
(Egberto Vital)
(Egberto Vital)
Belíssimo poema, parabéns!!
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