Da bestialidade humana

É muito doloroso ver o quanto o dito “ser humano” é uma espécie tão suja, covarde e bestial. Somos bombardeados pelos veículos midiáticos com notícias que narram atrocidades feitas por sujeitos sem o mínimo de escrúpulos, destituídos de alma, amor e coração. Seres imundos que têm a capacidade de ferir, humilhar e agredir a integridade de outros seres, sem sentirem o mínimo de culpa ou consternação.

Todos os dias mulheres são espancadas, gays são vilipendiados, idosos são desrespeitados e têm sua integridade violentada, crianças têm suas “rotas alteradas”, deficientes são tolhidos de vivenciarem sua liberdade com plenitude, por conta de sujeitos que são excretados no planeta, que vêm até nós com a única necessidade de fazer o mal.

No início do mês, fui atingido com uma notícia que muito me machucou e me fez refletir sobre o quão pode ser vil a existência de um indivíduo, em meio há notícias terríveis que assolam o planeta, assistimos ao caso de um homem arrastou um rotweiller amarrado na traseira de uma camionete, por uma distância de mais ou menos 1 km, na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. O animal sofreu graves ferimentos, teve ligamentos rompidos e ossos danificados. No último dia 7, teve uma das patas amputadas e veio a óbito ontem, dia 15, em uma clínica veterinária na qual estava sendo tratado depois de ter sido socorrido pela ONG Vira Lata Vira Vida, que desenvolve um belíssimo trabalho no auxílio de animais que sofrem maus-tratos.

O fato, não sei se para todos, me fez lembrar o caso do menino João Hélio, que fora assassinado, em fevereiro de 2007, após o que seria mais um assalto de carro. O menino foi arrastado, preso ao cinto de segurança, por quatro bairros, mesmo sendo avisados por motoristas, motociclistas e transeuntes que viram a criança, os assaltante ignoraram o fato de que o menino estava sendo dilacerado e só depois de chegaram a um semáforo, abandonaram o carro e o corpo na rua, sem prestar o mínimo de socorro ou demonstraram o mínimo de compaixão à vida que havia sido perdida naquele momento.

Sei que muitos vão me criticar, e até mesmo me atacar, por eu estar comparado duas situações que, para muitos, são discrepantes, por se tratar de morte de um cachorro e de uma criança, no entanto, analiso os eventos na perspectiva da covardia que compreende a bestialidade da existência humana. Não sei o que leva um sujeito a amarrar um cachorro (ou qualquer outro ser que seja) na traseira de um carro e arrastá-lo por um quilômetro até o animal não poder mais andar por conta dos ferimentos que sofreu, ter sua patinha amputada e ter por fim, como culminância da crueldade, a sua morte.

O que mais me choca é que o mostro que praticou essa maldade contra o pobre cãozinho Lobo, se dizia dono do cachorro. Como você cria um ser, que lhe dá amor, carinho, lealdade e proteção, e acaba com a vida dele de uma maneira tão cruel, fria e covarde? Como um seboso desse se diz dono de um animal? Como um “animal” desses pode se dizer ou ser pai de alguém? Não consigo compreender tal situação, seja no caso de João Hélio, ou no caso de Lobo.
Não compreendo, pois não tenho os animais com que me relaciono como meus, não me intitulo enquanto dono da cadela que crio, para mim ela é um membro da minha família. Divido momentos com Bombom que com certeza estarão na minha memória para sempre. Quando estou triste ela vem me dar carinho. Quando estou feliz ela vem brincar comigo, sorrindo. Quando estou em perigo ela me protege. Se saio de casa e não a levo, quando volto ela me recebe como se eu tivesse passado meses longe dela, e vem com aquele rabinho balançando de um lado pra outro, pulando em cima de mim, quase me derrubando, de tanta felicidade ao me ver novamente. Se estou longe dela sinto saudade, me preocupo quando ela está doente, fico triste se a vejo cabisbaixo, se ela se machuca me dói, e quando vou dormir, se estiver com frio ela me esquenta. Ou seja, ela não é apenas um animal de estimação, muito menos eu sou apenas o dono dela. Somos parceiros, pai e filha.

 


Egberto Vital
16 de novembro de 2011

Um comentário:

  1. Tenso!
    Quem faria algo tão cruel... que faz com que notamos que o ser humano realmente é um ser do mal!!!
    p.s: Amei o teu blog, visito sempre q posso ;D

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