Os garotos rebeldes invadem a Record em versão verde e amarela

Não cansada das versões deprimentes da Televisa – cadeia mexicana de televisão responsável por muitos dos enlatados hispanohablantes que invadem a programação de emissoras decadentes no nosso país – a Rede Record resolveu, então, criar uma edição tupiniquim da novelinha Rebelde. A proposta é tentar alcançar o sucesso que a novela teve em sua versão hispânica, agora, com atores brasileiros, em uma releitura verde e amarela – em cores bem desbotadas – dos garotos rebeldes que invadiram o país em meados da primeira década dos anos 2000.

A emissora já escolheu a felizarda protagonista da série, a ilustre desconhecida Sophia Abrahão, ex-atriz de Malhação, para termos uma noção das brilhantes atuações que veremos no folhetim-teen (a cacofonia, aqui, é proposital). Ela dividirá a cena como o pequeno e inexpressivo Chay Suede, um aspirante a ídolo que em 2010 concorreu em um reality show da emissora, outra cópia da televisão internacional que não tem mostrado nenhuma atuação eficiente na descoberta de novos ídolos da música brasileira, visto que os verdadeiros bons cantores que surgem no programa não passam nem perto da vitória final. O que não é muito prejuízo para eles, pois se ganhassem teriam de se render aos desejos da gravadora e cantar as musiquinhas fabricadas para atender a um público cada vez mais presente no nosso país, aqueles fãs de coisas bizarras como o Restart e suas letrinhas carregadas de clichês, o que me faz lembrar uma das vencedoras de uma das versões anteriores, a Taheme Mariôto, que venceu o programa por ter um rostinho que lembrava a cantora Sandy e por agradar aos ouvidos do mercado com sua voz minúscula, ela ganhou da portentosa Shirley Carvalho, esta sim, uma cantora de verdade, o que nos mostra o foco desse tipo de programa.

Se tomarmos como parâmetro o sucesso da outra novela e o tipo de artistas que foram revelados, teremos de começar a preparar nossos ouvidos para uma nova versão do RBD, o grupinho que foi expelido da novela para as paradas de sucesso da Billboard, invadindo as rádios e os programas de tevê mais populares do Brasil com sua música imatura, medíocre, mercadológica e barata, alienadora de muitas crianças, jovens e adolescentes que se descabelavam para ver as performances patéticas e, de certa maneira, cômicas do grupo.

O pior de tudo é imaginar a formação de uma nova boy band brasileira, formato que sempre é sinônimo de fracasso e má qualidade por aqui – vide os grupos formados no início dos anos 2000. A proposito, por onde anda o pessoal do Rouge e do Br’oz? Tirando a Patrícia Lissah, que se tornou cantora de musicais, os demais entraram para o hall dos fracassos da década.

Eles poderão até voltar ao cenário musical, daqui a uns vinte anos em festas revival ou trash que alimentarão o espírito saudosista dos futuros coroas que um dia curtiram aquele som, como acontece hoje com aqueles que usufruíram das músicas barangas dos anos 80, que, mesmo não tendo uma qualidade invejável, ainda estão muito além, muito mais além, do que foi produzido por estes rapazes e moças que tentaram se tornar ícones da música pop no Brasil na transição dos anos 90 para os anos 2000 e que está ganhando a sua mais nova contribuição.


Egberto Vital

3 comentários:

  1. concordo em tdooooo!!!\o
    triste ver como a musica brasileira perdeu suas origens!!q genios como chico buarque e djavan não vejam essa decadencia!!
    :(

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  2. Professor,
    estou gostando do novo rumo do blog.
    Um grande abraço!

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