À Maria Lúcia Dal Farra
Antropofágica ninfa do mar
Deusa pantaneira
Dionéia esfomeada
Quero ser devorado por ti
Ó planta úmida
Planta quente
Planta ardente
Engole-me até que eu possa atingir tua garganta
Sua, ó planta, quando eu tocar-te
Quando eu roçar em tua penugem
Quando minha saliva quente pingar em ti
Quando eu pintar de branco tua superfície viscosa
À caminho tua região abissal
Quero escavar-te
Quero que me mordas
Quero que me engulas e escarres em mim
Mãe de Pantanha
Morde-me sem pena
Prende-me em tua ostra
Envolve-me com teu breu
E molha-me com teu suor lascivo
Sou teu hóspede
Suga até a última gota de minha seiva
Torna ela tua
Alimente-se dela
Fotossintético esporro que fabrico para ti
A fim de que me ensines todos os sortilégios
Conduza-me a mais sedutora voragem
Leva-me a viagens desmedidas
Joga-me no precipício de teu corpo
Mata-me da forma mais sublime
Quero que venhas faminta
Fruída de ais de orgasmos e de deleite.
(Egberto Vital)
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