Ela cheira as vestes do padre
Como Madalena cheirando as de Cristo
Era o faro da mulher para o sexo
Era o sexo quente e molhado
Como as fendas do calçamento em dia de chuva
E o cheiro de homem naquela roupa
E o cheiro de gozo já seco
Excitava ainda mais a carola
Suas pernas uma na outra roçando
Sua mão escorregando entre as pernas
Na alcova soturna do padre
Ele abre a porta
Vê aquela divina mulher de pernas abertas
É maçã para a fome de Adão
É tentação para a serpente faminta
Passa língua na flor caudalosa
Crava os dentes na rosa abrasiva
Mete a mão naqueles seios fartos
Frenesi da gota serena
Loucos da pancada do sino
Univitelinos
Filhos de Deus como qualquer outro
Ele penetra o seu membro
São homem e mulher
São santo e santa
No mais natural
No mais visceral da alma humana
São gemidos
Movimentos soturnos
Poses múltiplas
Posse mútua
Seqüências infinitas
E no fim do ato ele a benze
Esporrando em seu rosto de mulher saciada
Porém mendicante
A brancura geradora da vida.
(Egberto Vital)
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